O que é Cefaleia em Salvas e Como Ela se Difere das Outras Cefaleias?
As dores de cabeça (cefaleias) são sintomas amplamente comuns em toda a população. Apesar de muitas vezes serem todas denominados “enxaqueca”, há diversas outras causas de cefaleias.
Entre as causas primárias, ou seja, que não tem uma causa relacionada a lesão cerebral ou distúrbio metabólico, por exemplo, a cefaleia mais comum é conhecida como Tensional ou Tipo Tensão. Após, vem a enxaqueca, como segunda causa mais comum de dores de cabeça.
Ocupando o terceiro lugar, está uma cefaleia pouco conhecida, mas não tão rara, que pode ser confundida com os diagnósticos anteriores, mas tem um tratamento muito diferente. Ela é conhecida como Cefaleia em Salvas (ou Cluster).
Principais Sintomas da Cefaleia em Salvas
Cada indivíduo pode manifestar a cefaleia em salvas de uma maneira, mas o quadro clássico inclui:
- Dor em um dos lados da cabeça e as crises são sempre do mesmo lado
- Intensidade muito elevada
- Ocorre ao redor de um dos olhos, irradia para a região frontal e temporal
- Tem duração entre 15 e 180 minutos
- Frequência de uma crise a cada dois dias até oito crises por dia
O Cluster, também tem sintomas associados, como a enxaqueca, mas eles são diferentes. A dor costuma vir junto com algum dos sinais a seguir:
- Lacrimejamento;
- Olho vermelho;
- Queda e/ou edema da pálpebra;
- Suor no lado da dor;
- Contração da pupila
- Congestão nasal e coriza;
- Agitação psicomotora.
Diagnóstico da Cefaleia em Salvas: Características e Fatores de Risco
Por ter características bem específicas, o diagnóstico diferencial desse tipo de cefaleia é realizado com base nos sintomas. Além disso, o nome cefaleia em salvas deriva do fato de o paciente apresentar períodos dolorosos, que duram entre um e três meses, intercalados por períodos espontâneos de remissão, com duração bastante variável, entre seis meses e dois anos na maioria dos casos.
Fatores Desencadeantes e Ciclo da Cefaleia em Salvas
A cefaleia em salvas atinge seis homens para cada uma mulher. Inicia-se principalmente entre os 20 e 40 anos. Além disso tem alguns fatores de risco como o tabagismo, o etilismo e a síndrome da apneia obstrutiva do sono.
O álcool também um potente deflagrador de crises; em geral o paciente sabe que não pode pôr uma gota de álcool na boca quando em fase de crises. Altitude, baixa saturação de oxigênio, exposição a solventes, altas temperaturas, muita ansiedade, alterações do ritmo biológico, do ciclo sono-vigília e oscilações do humor são também associadas à Cefaleia em Salvas
Com a mesma rapidez que o ciclo iniciou, ele termina. Pode-se ficar sem dores de cabeça por meses ou até um ano antes do início de outro ciclo. Muitas vezes, a cefaleia em salvas ocorre sem um gatilho. No entanto, ela tende a ser sazonal, ocorrendo em determinadas mudanças de estação do ano.
Apesar de sua singular apresentação clínica, o Cluster permanece como afecção pouco reconhecida e subdiagnosticada.
Tratamentos e Manejo da Cefaleia em Salvas
Não existe cura para cefaleia em salvas, mas há tratamentos para diminuir a gravidade da dor, encurtar a duração da dor de cabeça e evitar os episódios.
É interessante ressaltar, que o tratamento de crises pode ser bem diferente das dores de cabeça usuais. Em casos onde a dor é refratária, por exemplo, pode ser necessário o uso de oxigênio em ambiente de emergência hospitalar para controle.
Para prevenção, o tratamento também é específico, devendo ser escolhido com base em outras comorbidades e características do paciente. Há também as chamadas terapias ponte, onde o indivíduo faz um tratamento para diminuição das dores, até que a medicação preventiva surta o efeito.