Causas de Esquecimento: Fatores que Afetam a Memória

Esquecimento e Perda de Memória: Um Sintoma Comum nos Consultórios

A queixa de esquecimento ou perda de memória é uma das principais demandas de qualquer consultório de neurologia. A associação desse sintoma com quadros de demência, principalmente a Doença de Alzheimer, costuma sempre estar presente. Entretanto, é importante ressaltar que existem causas mais comuns geradoras esse tipo de sintoma, principalmente em paciente com menos de 65 anos.

Distúrbios Metabólicos e Seu Impacto na Memória

Alterações da homeostase podem levar a diversas queixas cognitivas, entre elas a perda de memória. Piora na função hepática e renal, distúrbios hidroeletrolíticos, diabetes, hipotireoidismo e deficiência de vitamina B12 estão entre as causas citadas.

HIPOTIREOIDISMO: O mau funcionamento da tireoide pode causar lentificação do metabolismo e prejudicar o funcionamento cerebral. A perda de memória pelo hipotireoidismo pode ser acompanhada de outros sintomas como sono excessivo, pele seca, cabelos quebradiços, depressão e cansaço intenso.

HIPOVITAMINOSE B12: A falta da vitamina B12 pode acontecer em dietas restritivas sem acompanhamento nutricional, pessoas com desnutrição, alcoólatras e pessoas que tenham alterações na capacidade de absorção, como na cirurgia bariátrica. A falta dela está ligada com alterações de nosso sistema nervoso central e periférico, altera o funcionamento cerebral, e pode prejudicar a memória e o raciocínio.

Alterações Neuropsiquiátricas: Depressão, Ansiedade e TDAH

O funcionamento cognitivo está ligado a outras áreas cerebrais. Para que o indivíduo uso sua capacidade plena, demais fatores neuropsicológicos precisam estar em bom funcionamento.

DEPRESSÃO: A depressão é importante causa de esquecimento em todas as idades. A redução de neurotransmissores essenciais para as funções cognitivas, como a serotonina, dopamina e noradrenalina está entre as possíveis causas. Pessoas que sofrem de sintomas depressivos intensos processam informações de forma mais superficial e menos satisfatórias do que pessoas sem os sintomas depressivos. São indivíduos que terão um processo de aprendizagem mais lento, estarão alheias em si mesmas; interferindo na qualidade daquilo em que estão executando.

ANSIEDADE: A ansiedade é a principal causa de perda de memória em todas as faixas etárias, principalmente em jovens. Nesta condição, ocorre a ativação de múltiplas regiões cerebrais e aumento da atenção e hipervigilância a estímulos ameaçadores. Quando exposto a situações de estresse, medo ou angústia, nosso cérebro não consegue responder a todos os estímulos necessários. Dessa forma, como já existem outras preocupações na nossa mente, acabamos por nos esquecer das coisas. É por isso que quem apresenta transtorno de ansiedade, especialmente num alto nível, pode notar problemas de memória e atenção.

TDAH: O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é conhecido por afetar não apenas a capacidade de concentração, mas também outros aspectos cognitivos, incluindo a memória. Como uma condição neurobiológica, o TDAH pode influenciar diferentes tipos de memória, alterando a forma como uma pessoa armazena, processa e recupera informações. Uma das áreas da memória frequentemente afetadas pelo TDAH é a chamada memória de trabalho. Esse tipo de memória é necessária para seguir instruções, resolver problemas ou realizar múltiplas tarefas. Para aqueles com TDAH, o desafio de reter informações necessárias, como números de telefone temporários, instruções passo a passo ou detalhes específicos durante uma conversa, pode ser notavelmente maior.

Distúrbios do Sono e Sua Relação com a Formação da Memória

Para a formação da memória são necessárias três fases. As duas primeiras, aquisição e evocação, acontecem quando se está acordado, é neste momento que o cérebro obtém novas experiências e informações, ao mesmo tempo que relembra conhecimentos já adquiridos. Enquanto que a consolidação, terceira fase, ocorre durante o sono.

O sono é um processo cíclico, formado por algumas fases, cada ciclo de sono tem uma função diferente no processo de consolidação das memórias. É necessário um sono de qualidade e estável para que todas as fases ocorram de forma correta, e assim haja um processo correto de consolidação, tanto na memória de curto, como de longo prazo.

Além disso, dormir bem ajuda a manter o foco e o raciocínio necessários para a construção da memória nas fases ligadas ao período do dia. A memória está relacionada com tarefas conectadas à cognição das pessoas, como o aprendizado, raciocínio, resoluções de problemas e compreensão. A privação do sono e interrupções dele podem causar problemas cognitivos e emocionais.

Situações Especiais que Podem Afetar a Memória

CLIMATÉRIO: Durante o climatério, os sintomas mais relatados costumam ser as ondas de calor, as mudanças de humor e aumento de gordura corporal. Porém, a parte cognitiva também passa por mudanças. Sintomas relacionados à cognição (memória, atenção, execução) estão entre as manifestações clínicas mais comuns desse período. Concentração diminuída, perda de memória e dificuldade para fazer multitarefas costumam ser queixas comuns. Estudos demonstram que mais de 60% das mulheres têm alguma queixa relacionada à memória nesta fase de suas vidas. Pode haver uma explicação hormonal, visto que o estrogênio estimula o crescimento neural e aumento da concentração, já a progesterona tem ação complementar na fixação da memória. É importante ressaltar, entretanto, que não houve relação da dificuldade de memória do climatério com o desenvolvimento de demências.

Medicamentos que Podem Prejudicar a Capacidade Cognitiva

MEDICAMENTOS: Existem medicamentos que podem atrapalhar as capacidades cognitivas, como a memória e aprendizado, afetando também a atenção, raciocínio, capacidade de executar tarefas e habilidades visuoespaciais. O uso prolongado e indiscriminado de remédios sedativos, hipnóticos (como o zolpidem), ansiolíticos, antidepressivos, relaxantes musculares, anticonvulsivantes e calmantes (como rivotril e diazepam) podem afetar a memória e causar esquecimentos. É importante frisar que nem todos os pacientes que tomam essas medicações vão experimentar esses prejuízos cognitivos e elas não devem ser descontinuadas antes de falar com o médico.

E o Alzheimer? Entenda Quando o Esquecimento Está Ligado à Doença

A doença de Alzheimer, assim como outras demências, continua sendo causa relevante de perda de memória, principalmente em indivíduos com mais de 65 anos. Além do esquecimento, pacientes com Alzheimer costumam evoluir com perda funcional, ou seja, menor capacidade de executar as tarefas diárias que costumavam realizar anteriormente.

Além da perda de memória, os sintomas de Alzheimer incluem: Problemas para completar tarefas que antes eram fáceis. Dificuldades para a resolução de problemas.  Mudanças no humor ou personalidade; Afastamento de amigos e familiares. Problemas com a comunicação, tanto escrita como falada. Confusão sobre locais, pessoas e eventos. Alterações visuais, como problemas para entender imagens.

Em caso de suspeita, procure o neurologista.

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